Quando você pensa em novas formações de estrelas na Via Láctea, você provavelmente imagina uma região gigante de formação de estrelas como a Nebulosa de Órion, contendo milhares de novas estrelas com luz tão brilhante que é visível à olho nu. Com mais de 400 parsecs (1.300 anos-luz) de distância, é uma das mais espetaculares visões no céu noturno, e a vasta maioria de luz vindas das galáxias origina-se de nébulas como esta. Mas devido a grande luminosidade e relativa proximidade torna-se fácil ignorar o fato que há uma enorme quantidade de regiões de formação de estrelas mais próximas que a Nébula de Órion; estas são apenas bem menos luminosas.
Se você tiver uma nuvem molecular colapsando muitas centenas de milhares (ou mais) vezes a massa do nosso Sol, você terá uma nébula como a de Órion. Porém se sua nuvem é apenas poucos milhares a massa do Sol, ela será mais fraca. Na maioria dos casos, os aglomerados de matéria interna crescerão vagarosamente, a matéria neutra bloqueará mais luz que sua nuvem reflete ou emite, e somente uma pequena fração de estrelas que se formam – as mais massivas e brilhantes – serão visíveis. Entre apenas 400 e 500 anos-luz de distância estão as mais próximas regiões da Terra: as nuvens moleculares na constelação de Camaleão e a Corona Australis. Junto com a nuvem molecular Lupus (média de 600 anos-luz de distância), essas manchas negras que bloqueiam a luz são virtualmente desconhecidas para a maioria dos observadores do céu no hemisfério norte, sendo que estes são todos objetos visíveis do hemisfério sul.
Crédito da imagem: NASA e ESA Hubble Space Telescope. Agradecimentos: Kevin Luhman (Universidade do Estado da Pensilvânia), e Judy Schimdt, da nuvem Camaleão e as recém-formadas estrelas internas – HH 909A – emitindo fluxos estreitos de gás de seus pólos.
À luz visível, esses objetos aparecem predominantemente como manchas negras, obscurecendo e avermelhando a luz das estrelas de fundo. Entretanto no infravermelho o gás brilha intensamente assim que se formam novas estrelas no interior. Com observações onde a luz próxima do infravermelho e luz visível são combinadas, assim como as feitas pelo Hubble Space Telescope, pode-se revelar estruturas de nuvens tão bem quanto das jovens estrelas internas. Na nuvem de Camaleão, por exemplo, existem entre 200 e 300 novas estrelas, incluindo outras mais 100 fontes de raio X (entre as nuvens Camaleão I e II), aproximadamente 50 estrelas T-Tauri e somente um par de massivas, estrelas classe B. Há uma terceira nuvem molecular escura (Camaleão III) que ainda não formou nenhuma estrela.
Enquanto a maioria das novas estrelas formam-se em nuvens moleculares grandes, as novas estrelas mais próximas formam-se em nuvens bem menores e mais abundantes. Conforme alcançamos os mais distantes quasares e galáxias no universo, lembre-se que há ainda mistérios sobre formação de estrelas para serem desvendados aqui em nosso quintal.