Em uma coincidência cósmica, três cometas se aproximarão da Terra em breve – e os astrônomos querem a sua ajuda para estuda-los. Uma campanha global – que começará no final de janeiro, quando o primeiro cometa estiver suficientemente brilhante – irá recrutar astrônomos amadores para ajudar os pesquisadores em um monitoramento contínuo de como os cometas mudam ao longo do tempo e, ao fim, aprender o que esses pedaços ancestrais de rochas e gelo revelam sobre as origens do sistema solar.
Nos últimos anos, missões espaciais como as Deep Impact e EPOXI, da NASA, e Rosetta, da ESA (na qual a NASA teve participação), nos mostraram que os cometas são mais dinâmicos do que pensávamos. Essa missões descobriram que explosões de gás e poeira, advindas dos núcleos dos cometas, ocorrem a cada poucos dias ou semanas – um fenômeno efêmero que passaria desapercebido, se não fossem as constantes observações bem de perto. As missões espaciais, porém, são muito caras. Por isso, pesquisadores estão recrutando um esforço combinado de telescópios de todo o planeta para as próximas 3 visitas de cometas.
“Dessa maneira, esperamos conseguir os mesmos tipos de observação, aproveitando a força conjunta de vários amadores”, diz Matthew Knight, astrônomo da University of Maryland.
Observando a poeira e o gás na coma (atmosfera difusa do cometa), amadores ajudarão os pesquisadores profissionais a medir as propriedades dos núcleos dos cometas, tais como sua composição, velocidade de rotação e como o núcleo se mantém coeso.
As observações também podem ajudar a NASA a reconhecer o terreno para futuros destinos. Os 3 alvos são chamados de família Júpiter de cometas, com períodos curtos de pouco mais de 5 anos e órbitas que são acessíveis a missões espaciais. “Quanto mais um cometa é compreendido, mais a NASA consegue planejar uma missão, descobrir como o ambiente será parecido e quais especificações serão necessárias à espaçonave para garantir o sucesso da missão”, diz Knight.
O primeiro cometa a se aproximar será o 41P/Tuttle-Giacobini-Kresak, cuja primeira janela vai do final de janeiro ao fim de julho. O cometa 45P/Honda-Mrkos-Pajdusakova será mais visível entre meados de fevereiro e meados de março. O terceiro alvo, o cometa 46P/Wirtanen, não se aproxima antes de 2018.
Ainda assim, a oportunidade de observar 3 cometas relativamente brilhantes entre aproximadamente 18 meses é rara. “Estamos falando de 20 ou mais anos desde que tivemos uma situação parecida com essa”, diz Knight. “A tecnologia dos telescópios e o nosso conhecimento sobre cometas são totalmente diferentes hoje do que eram quando qualquer desses cometas estiveram antes em boas condições de observação.”
Para mais informações sobre como participar da campanha, visite: http://www.psi.edu/41P45P46P.
Gostaria de ensinar crianças sobre a anatomia de um cometa? http://spaceplace.nasa.gov/comet-stick/
Um diagrama da órbita do cometa 41P/Tuttle-Giacobini-Kresak em 08 de fevereiro de 2017, durante sua 1ª janela de visibilidade. As órbitas dos planetas são as curvas brancas e a do cometa é a curva azul. As partes mais claras das linhas indicam a porção das órbitas que estão acima do plano elíptico definido pelo plano orbital da Terra e as partes mais escuras estão abaixo desse plano. Essa imagem foi gerada pelo Orbit Viewer applet, elaborado por Osamu Ajiki (AstroArts) e modificada por Ron Baalke (Solar System Dynamics group, JPL). http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?orb=1;sstr=41P