Por Rodrigo Raffa
Em um passado remoto, nossos ancestrais contemplavam o céu noturno com frequência. As estrelas, constelações e padrões celestes eram visíveis sem esforço, iluminando suas noites e imaginações. No entanto, o cenário mudou drasticamente com o passar dos séculos.
A expansão das áreas urbanas e a industrialização trouxeram inúmeros benefícios, mas também desafios, como a poluição luminosa, que ofusca a visão das estrelas.
Hoje, enquanto em áreas rurais ainda é possível admirar um céu estrelado, nos grandes centros urbanos muitas estrelas se tornam invisíveis, escondidas pelo brilho intenso da iluminação artificial. Foi para medir e classificar essa interferência que, em 2001, o astrônomo norte-americano John Bortle criou uma ferramenta indispensável para astrônomos profissionais e amadores: a Escala Bortle
O que é a Escala Bortle?
A Escala Bortle é um sistema de classificação que avalia a qualidade do céu noturno em diferentes locais, variando de 1 a 9. Ela fornece uma maneira prática de medir visualmente o impacto da poluição luminosa:
Classe 1: Céus extremamente escuros, livres de qualquer interferência luminosa. É possível ver a Via Láctea com um nível de detalhes impressionante e observar objetos tênues sem ajuda de telescópios potentes. Esses céus são raros e geralmente encontrados em áreas remotas.
Classe 9: Céus extremamente brilhantes, típicos de grandes centros urbanos, onde apenas os objetos celestes mais luminosos, como a Lua e alguns planetas, podem ser vistos.
Os níveis intermediários da escala refletem graus variados de interferência, desde céus com leve influência de luz artificial até aqueles bastante comprometidos.
Céus que exibem Escala Bortle menor ou igual a 4 são considerados os mais indicados para atividades de Astronomia e astrofotografia.
Por que a Escala Bortle é importante?
A Escala Bortle não é apenas uma ferramenta técnica; ela também nos ajuda a compreender o impacto da iluminação artificial em nossa conexão com o cosmos. Além disso, é uma forma de conscientização sobre a importância de preservar o céu noturno, tanto para a ciência quanto para a apreciação estética.
Ao medir o brilho do céu de uma região, podemos planejar melhor atividades de observação astronômica e destacar a relevância de práticas que reduzam a poluição luminosa, como o uso de iluminação eficiente e o respeito a áreas protegidas, como parques internacionais de céus escuros.
Determinar a escala de Bortle do seu céu noturno ajudará a reduzir o que você pode esperar ver após o pôr do sol. Claro, outros fatores como o clima (principalmente nuvens) irão impactar as condições de visibilidade, então planeje com antecedência.
Encontre classificações de Bortle perto de você aqui: www.lightpollutionmap.info
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