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Rodrigo Raffa

Sem luzes da cidade, Itapetininga redescobre o encanto do céu noturno

Na noite em que o Brasil celebrou pela primeira vez o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado nacional, um apagão transformou a experiência da população de Itapetininga. A falha em uma das linhas de transmissão do sistema de abastencimento de energia deixou a região sem energia por cerca de 41 minutos, mas, em meio à escuridão, algo extraordinário aconteceu: o céu noturno, normalmente escondido pela poluição luminosa, revelou sua beleza.


O apagão foi uma oportunidade rara para os moradores observarem o céu noturno na área urbanizada do município. Sem as luzes artificiais que inundam as cidades, o firmamento revelou constelações características desta de transição entre a primavera e o verão no hemisfério sul traz algumas constelações características, como o nascer cada vez mais cedo da constelação de Órion, reconhecida por muitos pelo seu cinturão como “as três marias”.


Além disso, três planetas abrilhantaram a experiência: Mercúrio e Vênus, visíveis na direção oeste, próximos ao horizonte logo após o pôr do sol, e Saturno, quase no zênite – a região mais alta da esfera celeste. O espetáculo celeste trouxe um momento de reflexão sobre o impacto da poluição luminosa em nossa conexão com o Universo.

MERCURIO E VENUS
Mercúrio e Vênus brilham no céu na direção oeste. Créditos: Rodrigo Raffa/Stellarium

A poluição luminosa é um dos principais desafios enfrentados pelos praticantes da astronomia observacional em áreas urbanas. A luz artificial excessiva não apenas apaga o brilho das estrelas, mas também interfere no bem-estar de diversos ecossistemas, alterando os ciclos de vida de animais noturnos e até mesmo influenciando o comportamento humano.


Este breve apagão em Itapetininga nos lembra da importância de preservar o acesso ao céu noturno. O Clube de Astronomia Centauri reforça a necessidade de políticas públicas que promovam uma iluminação responsável, com tecnologias que reduzam o desperdício de luz e minimizem o impacto ambiental.


O céu estrelado é um patrimônio de todos nós, uma fonte de inspiração que, além de alimentar nossa curiosidade científica, conecta gerações ao longo da história.

Que possamos aprender com momentos como este e trabalhar para garantir que o brilho das estrelas continue sendo uma janela para o desconhecido, especialmente para os jovens que podem encontrar nas estrelas a motivação para seguir carreiras científicas e tecnológicas. Afinal, o céu noturno, livre de poluição luminosa, é um convite ao sonho e à descoberta – algo que não deveríamos perder, mas sim proteger.

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