"A sonda Solar Orbiter (Orbitador Solar, em português) enviou as imagens de maior resolução já registradas da superfície do Sol, oferecendo novas perspectivas sobre nossa estrela."
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Por Sharmila Kuthunur
Traduzido por Marco Centurion
Na quarta-feira (20 de novembro), a Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou quatro novas imagens capturadas pela sonda em março do ano passado, quando a espaçonave estava a aproximadamente 74 milhões de quilômetros do Sol. Essas imagens detalham a superfície dinâmica e granulada do Sol, conhecida como fotosfera, camada a qual emite a luz visível que enxergamos.
O Polarimetric and Helioseismic Imager (PHI), um dos seis instrumentos a bordo da sonda, registrou os grânulos na superfície solar — grandes células turbulentas de plasma, cada uma com cerca de 1.000 quilômetros de diâmetro.
Esses grânulos são formados pela convecção, processo no qual o plasma quente sobe das camadas mais profundas do Sol enquanto o plasma mais frio desce, similar às bolhas que surgem em uma panela de água fervente. Essas células cobrem toda a superfície solar, exceto as manchas solares, regiões mais escuras e frias que aparecem como imperfeições na fotosfera.
Uma das novas imagens geradas pelo PHI mostra o mapeamento dos campos magnéticos do Sol. Esses campos são especialmente fortes e concentrados nas regiões das manchas solares. Isso explica por que as manchas solares são mais frias do que o restante da superfície, os campos magnéticos intensos nessas áreas restringem a convecção normal do plasma, forçando-o a seguir as linhas do campo magnético. Com isso, parte do calor não alcança a superfície, deixando essas regiões mais frias.
"O campo magnético do Sol é essencial para compreender a natureza dinâmica da nossa estrela, desde as menores até as maiores escalas"
afirmou Daniel Müller, cientista do projeto Solar Orbiter da ESA.
Outro mapa, chamado tacograma, revela a velocidade e direção do movimento do material na superfície solar. Nas imagens, áreas azuis indicam material movendo-se em direção à sonda, enquanto áreas vermelhas mostram material se afastando, representando a rotação do Sol sobre seu eixo. Campos magnéticos também são visíveis irrompendo a superfície nas regiões das manchas solares.
O vento solar escapa da atmosfera externa do Sol, a coroa, que também foi registrada em março passado pelo instrumento Extreme Ultraviolet Imager (EUI), a bordo da Solar Orbiter. Na imagem abaixo, é possível observar as linhas do campo magnético emergindo da superfície do Sol.
Fios de plasma se projetam do Sol ao longo dessas linhas, frequentemente conectando manchas solares vizinhas. Esses arcos de plasma são regularmente ejetados para o espaço, formando o vento solar carregado que pode desencadear auroras luminosas na Terra, em Marte e em outros planetas.
Atualmente, a Solar Orbiter está a cerca de 120 milhões de quilômetros do Sol, um pouco mais próximo da órbita de Vênus, segundo o rastreador da ESA. Em colaboração com a sonda Parker Solar Probe da NASA, a missão recentemente trouxe pistas sobre o mistério de como o vento solar aquece e acelera a velocidades extremas no espaço.
No meio do ano, a sonda alcançou um marco ao rastrear uma porção de vento solar até sua origem no Sol, identificando "impressões digitais" únicas em fluxos de vento solar que geralmente estão dispersos ao chegar à Terra.
As imagens mais recentes são mosaicos compostos por 25 registros capturados ao longo de cerca de quatro horas. Como a sonda estava próxima do Sol, cada imagem cobriu apenas uma pequena parte do disco solar, exigindo que a espaçonave fosse inclinada e girada para registrar toda a extensão. As imagens foram unidas para formar mosaicos completos com 8.000 pixels de resolução.
"O processamento das imagens para obter os mosaicos do PHI foi uma tarefa nova e desafiadora. Agora que foi feito pela primeira vez, o processamento e a montagem de novos mosaicos serão mais rápidos no futuro."
afirmou a ESA.
A Solar Orbiter foi lançada em 2020 em uma missão conjunta da ESA e da NASA para capturar imagens inéditas dos polos solares. Essas imagens, no entanto, só serão obtidas em 2025, quando a órbita da sonda permitir um ângulo de visão adequado.
Artigo encontrado em space.com (originalmente publicado em 20/11/2024)
Link para acesso ao original: https://www.space.com/the-universe/sun/solar-orbiter-spacecraft-captures-sharpest-views-yet-of-suns-surface-images
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