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Vida em Encélado? Astrônomos europeus lançam olhar aos oceanos dessa lua de Saturno.

Atualizado: 3 de abr. de 2024

Esta missão, que deve ser lançada em 2040 com chegada em 2050, poderá ser a primeira a buscar vida em um sistema de Saturno.


Por Keith Cooper

Traduzido por Marco Centurion


Imagem de Encélado, Lua de Saturno, tirada da sonda Cassini da NASA (créditos da imagem: NASA/JPL - Caltech)


Cientistas europeus pode estar se dirigindo à lua de Saturno, Encélado, em busca de vida, de acordo com um novo relatório de cientistas planetários que estão planejando uma futura missão de grande porte ao sistema solar exterior. A Agência Espacial Europeia (ESA) está realizando um considerável ato futurista com seu programa "Voyager 2050", que descreve os objetivos científicos e missões para meados deste século. Seu tema geral de "luas do sistema solar" foi escolhido em 2021, e agora um relatório de especialistas recomendou que Encélado seja o alvo principal.


Encélado é uma lua gelada de Saturno com 498 km de diâmetro. Em 2006, a missão Cassini descobriu que grandes plumas de vapor de água estão jorrando de fraturas profundas na superfície, apelidadas de "listras de tigre" (do inglês Tiger Stripes), localizadas perto do polo sul de Encélado. As plumas são o resultado da gravidade de Saturno esticando e espremendo as entranhas de Encélado como massa de modelar, injetando energia no interior da lua para manter a água líquida em um oceano global e periodicamente jorrando parte dessa água através destas listras de tigre, como espremer água de uma garrafa.


A ESA convocou um painel de 12 cientistas planetários de toda o continente europeu, presidido por Zita Martins, astrobióloga do Instituto Superior Técnico de Portugal, para avaliar a ciência que poderia ser obtida ao se aventurar em Encélado, sua companheira de Saturno, Titã, ou a lua oceânica de Júpiter, Europa. Enquanto isso, engenheiros na Instalação de Design Concorrente (CDF) da ESA exploraram que tipo de missão seria mais realista dadas as tecnologias atuais e futuras próximas.


"A busca por condições habitáveis e por sinais de vida no sistema solar é desafiadora do ponto de vista científico e tecnológico, mas muito excitante", disse Martins em comunicado à imprensa. Do ponto de vista científico e tecnológico, Encélado se destacou, seguido por Titã e depois Europa - lua de Júpiter. Encélado tem todos os ingredientes necessários para um ambiente potencialmente habitável. Água líquida - check ✔️. Moléculas orgânicas - check ✔️. Uma fonte de energia química para alimentar a vida - check ✔️.

O relatório sugere que uma missão a Encélado (ou a Titã) seja composta tanto por um orbitador quanto por um pousador. Eles seriam lançados separadamente em foguetes Ariane 6 e depois se encontrariam na órbita da Terra antes de se dirigirem para Saturno. Uma vez lá, eles realizariam vários sobrevoos das outras luas de Saturno que poderiam abrigar oceanos, como Dione, Mimas e Reia, antes de se aproximarem de seu alvo, seja Encélado ou Titã.



Concepção artística das plumas das águas escapando às listras de tigre em Encélado. (Créditos da imagem: ESA Science office)


Se Encélado fosse escolhido, o pousador desceria na região do polo sul, próximo as listras de tigre e coletaria amostras do oceano que retornou à superfície, borrifado pelas plumas.. Alternativamente, se a ESA abrisse mão do pousador por questões orçamentárias, o orbitador poderia passar pelas plumas e coletar amostras do material. Isso já foi feito anteriormente, com a sonda Cassini. Embora a Cassini não tivesse instrumentos capazes de detectar vida, ela encontrou moléculas orgânicas do oceano dentro das plumas.


Um pousador, portanto, como parte de uma missão a Titã pousaria em um leito de lago vazio que se enche sazonalmente com hidrocarbonetos líquidos, como etano e metano, e coletaria amostras dos sedimentos lá. No entanto, entrar em órbita baixa em Titã, onde um orbitador também poderia amostrar a atmosfera superior da lua, é desafiador devido a significativa variação de velocidade necessária, o que exigiria uma espaçonave mais complexa com maiores reservas de combustível, o que, por sua vez, aumenta a massa no lançamento.


Vale ressaltar que a NASA já está desenvolvendo uma missão a Titã, com um quadricóptero chamado Dragonfly que está programado para ser lançado em 2028, para explorar os céus e a superfície do satélite natural de Saturno. Além disso, embora Titã certamente possua a química orgânica que poderia conter os blocos de construção da vida, o potencial astrobiológico da lua foi recentemente questionado em pesquisas que sugeriram que não há material orgânico suficiente da superfície até seu oceano subterrâneo.


A missão Europa Clipper, que será lançada em outubro de 2024, já potencializará a ciência que pode ser realizada por meio de sobrevoos próximos de Europa. Para avançar significativamente na ciência que pode ser feita neste satélite, seria necessário um pousador, contudo algumas estimativas colocam a vida útil de qualquer pousador na superfície de Europa em apenas 10 dias usando a tecnologia atual de blindagem contra radiação. Tanto os painéis científicos da ESA quanto os da CDF concluíram que tal missão não é viável no momento.


Se a ESA conseguir realizar uma missão a Encélado, seria uma conquista enorme e histórica, dependendo do que encontrar. "Uma investigação sobre sinais de vida passada ou presente ao redor de Saturno nunca foi realizada antes", disse Carole Mundell, diretora de ciência da ESA. "Isso garantiria a liderança da ESA em ciência planetária por décadas." O relatório completo pode ser encontrado no site da Agência Espacial Europeia.


Artigo encontrado em space.com (originalmente publicado em 31/03/2024)

 
 
 

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